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Estes são os aprendizados deste livro.
Primeiramente, Ascensão de Flordelis no meio religioso e político, A história de Flordelis começa muito antes do escândalo que a levou aos holofotes policiais. Vinda de origem humilde, ela transformou seu envolvimento com a comunidade e seu trabalho religioso em uma trilha de respeito entre fiéis e populares. Sua igreja, construída em São Gonçalo, tornou-se um ponto de referência para milhares de seguidores, atraindo a atenção da mídia e de políticos. A ascensão à fama culminou em sua eleição como deputada federal. O livro apresenta como Flordelis se utilizou de sua imagem de mulher altruísta, mãe dedicada e pastora para galgar posições de influência, atraindo recursos, visibilidade e ampliando sua esfera de poder, tanto no universo religioso quanto no político. O autor demonstra como ela construiu uma narrativa pessoal que potencializou sua trajetória, mas também lançou as bases para sua queda.
Em segundo lugar, Dinâmica familiar controvertida, Outro ponto central explorado pelo livro é a dinâmica interna da família de Flordelis. Conhecida por ter adotado dezenas de filhos, muitos dos quais viviam sob sua tutela, a família era percebida como um exemplo de altruísmo e compaixão. No entanto, Ullisses Campbell expõe o lado obscuro dessa convivência: relatos de rivalidades, tensão, abusos de autoridade e relações marcadas por interesses conflitantes. O autor descreve, através de depoimentos e documentos, como a atmosfera dentro de casa era carregada de conflitos e manipulações, alimentando um ambiente propício ao surgimento de tragédias. O cenário doméstico acabou sendo um dos principais elementos para compreender os fatos que levaram ao crime que chocou o país.
Em terceiro lugar, O assassinato de Anderson do Carmo, O assassinato do pastor Anderson do Carmo é o eixo central da trama e ocupa grande parte da investigação apresentada no livro. Campbell reconstitui a noite do crime e os meses que a antecederam, apontando para indícios de premeditação, envolvimento de familiares, jogos de poder e desconfianças internas. Com acesso a laudos periciais, escutas telefônicas e investigações policiais, o autor revela a complexidade do caso, que envolveu manipulação de provas, tentativas de desviar o foco da polícia e uma série de depoimentos contraditórios. A narrativa conduz o leitor pela sucessão de fatos que culminaram no assassinato, destacando a atuação de Flordelis como figura-chave, ainda que sob um álbum de piedade e religiosidade.
Em quarto lugar, Investigações, denúncias e julgamento, Após o crime, o desenrolar das investigações foi acompanhado com intensa atenção tanto pela mídia quanto pelo público. O livro narra como as primeiras suspeitas recaíram sobre pessoas próximas da família e como, gradualmente, Flordelis deixou de ser vista como vítima para se tornar principal suspeita. Ullisses Campbell destrincha o trabalho da polícia, o embate jurídico e os detalhes das denúncias feitas pelo Ministério Público. Descreve o papel de cada envolvido, as estratégias de defesa e a pressão de setores religiosos e políticos, revelando as tentativas de obstrução de justiça, uso de influência e tentativas de manipulação da opinião pública. O processo judicial é mostrado não apenas como palco da busca por justiça, mas também como arena de interesses e disputas de poder.
Por último, Impactos sociais e reflexões sobre fé, poder e política, A repercussão do caso Flordelis extrapolou os limites da crônica policial, abrindo debates profundos sobre o papel das lideranças religiosas, a influência política de religiosos e a vulnerabilidade de instituições diante de figuras carismáticas. Campbell aborda como o caso levantou questionamentos éticos sobre a mistura entre religião e política, o culto à personalidade e os perigos da manipulação da fé para obtenção de poder e recursos. Analisa ainda os impactos sociais da narrativa pública em torno do caso, a resposta dos fiéis e o desgaste das instituições religiosas, refletindo sobre as lições que esse episódio oferece para a sociedade brasileira. O livro se propõe, assim, não só a relatar um crime, mas a convidar o leitor a uma reflexão crítica sobre os riscos de lideranças sem transparência e limites.